5º Congresso da UGT-RS debate rumos do sindicalismo e reelege Norton Jubelli como presidente

A realização do 5º Congresso Ordinário da União Geral dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul (UGT-RS), no dia 28/3, nas dependências do Hotel do SESC Protásio, em Porto Alegre, reafirmou a condição da central sindical como entidade protagonista no processo de reconstrução nacional. O lema “A UGT no Caminho da Sustentabilidade Econômica, Ambiental e Social” já indicava a sintonia do evento com a realidade brasileira, por abordar temas da atualidade, como a defesa do Ministério Público do Trabalho e da Justiça do Trabalho, o combate ao trabalho análogo ao escravo e a própria estrutura sindical, ainda fragilizada pela mudança de caráter do imposto sindical, causada pela reforma trabalhista de 2017.

Representantes de diversos segmentos classistas, dos ramos fabril e de serviços, ouviram depoimentos expressivos na abertura do 5º Congresso da central. Após a formação da mesa e os participantes cantarem os hinos nacional brasileiro e Rio-Grandense, o Desembargador Francisco Rossal de Araújo, Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-4), falou em tom de conversa sobre “A importância da Justiça do Trabalho como última trincheira de defesa dos direitos dos trabalhadores“.

Vânius Corte, Auditor Fiscal do Trabalho e Gerente Regional do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) de Caxias do Sul/RS, apresentou a palestra “Resgate da dignidade de trabalhadores explorados e em condições análogas à escravidão e a possível ação estatal e sindical

Ricardo Patah, presidente nacional da UGT, expôs relato sobre o estado em que se econtra o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), um departamento superior da administração pública do Brasil, desativado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e recriado pelo presidente eleito Luis Inácio Lula da Silva. Patah manifestou desejo de que agora, com o ministro Luiz Marinho, um ex-sindicalista, o MTE possa retomar o protagonismo histórico que sempre.

Pautas como a política industrial, que deve reconstruir e fortalecer a indústria brasileira, que na atualidade participa com menos de 9% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, longe da participação de 20% no passado. Mesmo atuando na área de serviços, Patah, que é presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, lamentou que o Brasil é um país exportador de commodities, que são produtos de origem agropecuária ou de extração mineral, em estado bruto ou pequeno grau de industrialização.

TRABALHO ANÁLOGO AO ESCRAVO

A questão do trabalho análogo ao escravo, que veio à tona com a descoberta dessa prática nas vinículas gaúchas, foi um tema focalizado desde a abertura do evento. O assunto esteve presente nas falas do Desembargador Francisco Rossal de Araújo e do Superintendente Regional do Trabalho e Emprego, Claudir Nespolo.

Norton Jubelli, presidente da UGT-RS, era um dos muitos sindicalistas presentes na audiência pública da comissão de Economia da Assembleia Legislativa do Estado (ALRS), realizada na noite de 20/3, quando o ministro Marinho foi enfático ao dizer que as empresas que não quiserem o diálogo, a negociação, o entendimento e a civilidade, terão de enfrentar o rigor da lei.

A vinda de Luiz Marinho ao Estado coincidiu com a realização de conferências municipais de saúde, nas quais o combate à prática do trabalho análogo ao escravo está presente nas temáticas.

A FORÇA DA LUTA CLASSISTA

Retomando um pregação constante em suas falas, o presidente da UGT voltou a destacar o valor da unidade sindical praticada pela direção da central e pelas diretorias dos sindicatos filiados. Em mesma abordagem, a tesoureira da UGT-RS e Secretária Nacional da UGT, Orildes Loticci, já exaltava essa qualidade da central.

Citando o processo de reestruturação do sindicalismo em nosso país, Jubelli agradeceu a presença de representantes das centrais sindicais CUT, Força Sindical e CSP Conlutas, entidades resistentes aos ataques ao direitos trabalhistas e sociais.

Antes da realização do processo eleitoral, os delegados apresentaram proposições e moções que serão levadas ao Congresso Nacional da UGT, que acontecerá nos dias 8 e 9 de maio, em São Paulo.

PRESENÇAS EXPRESSIVAS

O evento recebeu personalidades do campo sindical e político, com destaque para Rogério Fleischmann, Procurador Regional do Trabalho da 4ª Região, no ato representando o Ministério Público do Trabalho (MPT); Guiomar Vidor, presidente da CTB-RS e da Federação dos Empregados no Comércio de Bens e Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecosul); Dionísio Mazui, presidente da Federação dos Comerciários da Força Sindical-RS (Fetracos); Henrique Silva, presidente da Federação dos Empregados nas Empresas de Asseio e Conservação do Estado do Rio Grande do Sul (FEEAC-RS), Luiz Claudimiro de Quadros (“Chicão”), presidente da Federação dos Sindicatos dos Servidores Públicos Municipais do Rio Grande do Sul (Fesismers); Alfredo Gonçalves, da CUT-RS, Cláudio Corrêa, da Força Sindical-RS, e Rejane de Oliveira, da CSP Conlutas.

A expressão do 5º Congresso UGT-RS foi realçada com a presença de sindicalistas de outros estados brasileiros, como Paulo Rossi, da UGT Paraná; Edson Ramos, Secretário Adjunto da Secretaria de Organização Sindical da UGT Nacional e secretário Geral do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, além de Roberto Siedschlag, do Sindicato dos Empregados no Comércio de Joinville (SECJ) e da UGT-SC, e Rafael Guerra, do Sindicato Internacional de Trabalhadores na Indústria Automotiva, Aeroespacial e Agrícola dos Estados Unidos (UAW).

REELEIÇÃO – Norton Jubelli foi reelito presidente da União Geral dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul, em congresso que também confirmou a continuidade de Orildes Loticci na tesouraria, ela que preside o Sindicato dos Empregados no Comércio de Bento Gonçalves (SEC-BG).

Renato Ilha, jornalista (Fenaj 10.300)