A COMUNICAÇÃO PARA FORTALECER O PROTAGONISMO DOS TRABALHADORES(AS) E DOS POVOS INDÍGENAS

Com apresentação de vários painéis, a União Geral dos Trabalhadores (UGT), em parceria com o Instituto Solidarity Center/AFL-CIO, realizou, dos dias 25 a 27 de outubro, o terceiro e último Módulo do Seminário ““Aliança UGT e os Povos indígenas: Fortalecendo a Autonomia e o Protagonismo”.

O evento, que foi realizado através da Secretaria de Organização e Formação Político-sindical, com o apoio da Secretaria de Povos Indígenas da UGT, é um esforço da Central e do Solidarity Center de contribuir com o fortalecer das lutas dos Povos Indígenas no Brasil, ameaçados pela  política de extermínio em curso e para estabelecer uma Aliança por Justiça Social no Marco de uma Agenda de Desenvolvimento Sustentável.

O primeiro dia do Seminário, contou com as presenças do Presidente da UGT, Ricardo Patah; do Diretor para o Brasil e Paraguai do Solidarity Center, Gonzalo Martinez De Vedia; da Deputada Federal (Rede Sustentabilidade), Joênia Wapichana, primeira mulher indígena a exercer a profissão de Advogada e a primeira indígena a ocupar o cargo de deputada federal no Brasil; do Secretário Nacional de Organização e Formação Político-sindical da UGT, Chiquinho Pereira e do Secretário para Assuntos dos Povos Indígenas, Idjawala Karajá.

A Comunicação como Instrumento de Luta dos Indígenas

No Painel “COMUNICAÇÃO COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA DE LUTA”, foram abordados dois temas: A comunicação como Ferramenta de Luta para os Povos Indígenas, com a palestra de Cristian Wariu T’Semereiwá, povo Xavante (Youtuber), estudante de Comunicação Organizacional na UNB. O jovem Youtuber falou sobre a importância de utilizar as redes sociais da internet para divulgar a cultura e fazer a defesa dos interesses dos povos indígenas, cruelmente massacrados desde o descobrimento do Brasil, situação que tem se agravado com a política de extermínio do governo Bolsonaro. Cristian Wariu falou ainda que o uso dessas ferramentas tem o propósito de combater a discriminação e os abusos sofrido pelos povos indígenas em todo país, principalmente, a juventude.

O tema Case “Democratizando”, comunicação estratégica para atrair os trabalhadores jovens, foi exposto pelo Advogado e Secretário da Juventude, UGT Nacional, Gustavo Pádua, falou das dificuldades de os sindicatos atingirem os trabalhadores jovens, pois muitos sofrem com o desemprego, com a precarização da Relação de Trabalho e são bombardeados, diariamente, com ideias individualistas e contrarias a necessidade de uma organização coletiva para enfrentar os mais variados problemas. Pádua apresentou a Plataforma “Democratizando”, lançada pela UGT e Solidarity Center no dia 25/10, com Aulas vídeos, onde o jovem trabalhador poderá assistir aulas e depoimentos sobre a estrutura política e organizacional doo Estado brasileiro.

Os perigos das Fakes News

O Painel “INFORMAÇÃO, CONTRAINFORMAÇÃO E DESINFORMAÇÃO”, contou com três temas. O primeiro, exposto pela professora, filósofa e sindicalista, Marina Silva, “Informação, Contrainformação e Desinformação, impactos para os trabalhadores(as) e povos indígenas”, tratou do papel que a internet pode jogar, seja a favor ou contra os interesses das populações. Maria chama a atenção para os efeitos maléficos das Fakes News, e reafirma que Informar consiste em transmitir um conhecimento validado, uma referência, o resultado de uma pesquisa, de uma investigação, de uma notícia verdadeira; a Contrainformação consiste em criar e espalhar boatos, informações falsas, causar medo na população e desestabilizar, tem como objetivo principal confundir as pessoas; Já a Desinformação é o ato desinformar, alterar ou suprimir informação, induzir em erro utilizando técnicas de comunicação, ocultar informações ou alterar seu sentido, criar resultados pouco sérios e “sondagens” com estudos supostamente científicos, formular teorias da conspiração, como as tão conhecidas “Fake News”.

O Tema dois, “Redes Sociais e Fake News, impactos para os povos indígenas”, foi exposto pela Comunicadora Indígena, Graduada em Comunicação Social e Doutora em Educação, Naine Terena. Esse tema foi bastante debatido, não só pelos líderes indígenas, mas por todos os sindicalistas presentes. Naine fez um breve relato das tragédias provocadas pelas Fakes News durante nesses últimos períodos, particularmente na pandemia, onde muitos indígenas deixaram de tomar a vacina ou fizeram uso de medicamentos ineficazes ao tratamento da Covid 19, causado, lamentavelmente, a morte de muitos indígenas. Infelizmente, o próprio governo brasileiro, através do presidente Bolsonaro, tem usado as Fakes News para confundir as populações, não apenas sobre como se proteger e tratar a Covid 19, mas, também, sobre os seus direitos fundamentais à vida.

O Terceiro Tema desse Painel, exposto pela Cientista Política, Noemi de Araújo, “A polarização do Debate e a Teoria do Silenciamento”, tratou da Polarização do debate, que se refere a uma mudança no debate político ocorrido nos Estados Unidos a partir da década de 1990, e posteriormente no Brasil, onde o foco da disputa deixou a economia e as políticas públicas e passou para questões relacionadas à cultura, costumes e comportamento. Noemi alerta que o problema da polarização é o favorecimento de criação de bolhas, promovidas por aqueles que se favorecem dela. Também conhecida como “A Teoria da Espiral do Silêncio”, foi desenvolvida na Alemanha, por Elisabeth Noelle-Neumann, em uma análise prolongada dos resultados das pesquisas eleitorais.

“Eu escolhi não deixar a luta para os meus filhos, mas sim um futuro de paz e Harmonia”

Com a frase acima, a líder indígena Evelyn Hekeré Terena, geógrafa, pela UFMS e pesquisadora no Grupo Diversidade Cultura e Educação Indígena, da Assembleia das Mulheres Terena, iniciou o primeiro tema “A Marcha das Mulheres Indígenas: Luta, Organização e Desafios”, do Painel “MULHERES INDÍGENAS: ORGANIZAÇÃO, RESISTÊNCIA E LUTA. Evelyn falou que a luta das mulheres indígenas é em defesa da vida e dos seus territórios, pois, ao longo dos séculos, já foi tirado tudo deles. Ela aponta que os poucos direitos garantidos pela Constituição de 1988, vêm sendo retirados pelo governo Bolsonaro, como o acesso à saúde, educação e até a água potável. Com a pandemia, a situação piorou, pois muitos indígenas estão passando fome, por não terem condições de vender seus artesanatos. Além disso, a atuação do Agronegócio, dos Garimpeiros e Mineradoras em terras indígenas é uma ameaça à vida dessas populações.

A jovem Vanda Witoto, Técnica em enfermagem, liderança da Associação Witoto do Alto Solimões (AWAS), falou sobre o tema “Marcha das Mulheres Indígenas: como a Juventude se organiza. Com um relato que emocionou os participantes, Vanda descreveu o sofrimento dos povos indígenas, em especial dos jovens, que têm recorrido ao suicídio, por total falta de perspectivas e por sofrerem constantes abusos, discriminação e o desemprego. Ela aponta que a falta de políticas públicas por parte do Estado, é fator determinante para a miséria, a fome e a desconstrução das culturas e costumes dos povos indígenas no Brasil.