Analista defende prática constante e profissional de sindicalistas com a política

PORTO ALEGRE/RS – Os dirigentes da União Geral dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul escolheram os dias 14 e 15 de setembro para promover a VI Plenária da UGT-RS, cuja pauta incluiu uma avaliação crítica do sindicalismo no Brasil e o posicionamento da Central diante do cenário eleitoral.

Após saudação feita pelo presidente nacional da UGT, Ricardo Patah, a apresentação dos candidatos ao Senado Federal pelo Rio Grande do Sul. Paulo Paim ((PT), que já foi deputado federal e disputa a indicação para o terceiro mandato no Senado, e Abigail Pereira (PCdoB) são personagens reconhecidos do movimento social, com ligações históricas ao movimento sindical e à luta pelos direitos trabalhistas.

As candidaturas são apoiadas pela UGT-RS, a partir da compreensão de que os trabalhadores carecem de representantes autênticos nas casas legislativas. O sindicalista Gelson Santana, que preside o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de Porto Alegre, concorre a uma vaga na Assembleia Legislativa gaúcha, que também procura elevar o nível de representação trabalhista.

SINDICALISMO E POLÍTICA PARTIDÁRIA

Painelista no primeiro dia, André Luis dos Santos, jornalista e Analista Político do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), abordou o tema “Papel do Congresso Nacional no Fortalecimento da Democracia no Brasil”, questão que relaciona o sindicalismo e a política partidária. Na exposição, uma análise do perfil dos atuais congressistas e o que pode mudar com as próximas eleições.

O painel apresentado pelo técnico do DIAP indagou sobre o destino do voto dos parlamentares nos temas da chamada Pauta Trabalhista, elaborada pelas centrais sindicais, com o acompanhamento de organismos como o DIAP e DIEESE. Compõem a pauta itens considerados vitais para os trabalhadores, como o fim do fator previdenciário; redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem redução de salários; destinação de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para a educação outros 10% do PIB para saúde; reforma agrária; valorização das aposentadorias; ratificação das convenções 151 e 158 da OIT e mudanças na política macroeconômica.

Como contribuição para o processo eleitoral de 2018, o técnico apresentou três publicações do DIAP que poderão ajudar eleitores e trabalhadores, em particular, na orientação do voto e na identificação do comportamento dos atuais parlamentares — deputados e senadores — em temas relevantes para a cidadania. O estímulo ao engajamento no processo eleitoral está no propósito central das três publicações, seja em defesa da reeleição daqueles que honraram os mandatos, ou na denúncia daqueles que votaram de modo diferente do que prometeram na campanha eleitoral.

SINOPSE PARLAMENTAR

No diagnóstico apontado pelo Departamento, o mapeamento dos cargos em disputa; a apresentação de informações quantitativas e qualitativas sobre os eleitores; a relação de partidos habilitados a participar do processo eleitoral; a distribuição das vagas no Congresso por estado, e um breve histórico com as características das sete últimas eleições presidenciais.

O relatório apresenta o nome dos candidatos à eleição presidencial e as respectivas coligações, com o tempo de rádio e TV disponíveis,  informações sobre os recursos do fundo eleitoral, além dos principais indicadores políticos e eleitorais dos candidatos e informações sobre os atuais deputados e senadores, com estatísticas, com dados sobre os cargos que disputam, sobre suas bases eleitorais e, principalmente, como votaram em temas de interesse direto dos trabalhadores: o congelamento do gasto público, a terceirização e a Reforma Trabalhista.

A segunda publicação, que também será divulgada antes das eleições, será o “Prognóstico”, que antecipa as tendências da eleição, tanto para a Câmara dos Deputados quanto para o Senado.

Uma “Radiografia do Novo Congresso” está no foco da terceira compilação, que será elaborada após as eleições e fará uma avaliação global da eleição presidencial, contendo estudo detalhado do resultado do pleito para os governos estaduais, Câmara e Senado, com informações sobre índice de reeleição e novos, nomes e profissão e perfil político e ideológico do próximo Congresso.

RELACIONAMENTO CONSTANTE COM A POLÍTICA

André Luis dos Santos explica que o voto não pode restringir a relação que os trabalhadores e a população devem ter com a política. Na visão do analista político, é preciso ir além do ato eleitoral e acompanhar o comportamento diário dos parlamentares, particularmente nas votações.

Entre os principais mecanismos de acompanhamento, o técnico do DIAP apontou a prática do Lobby, uma atividade exercida sobre a esfera política, com a finalidade de influenciar na tomada de decisões do poder público em prol da causa trabalhista, convencendo políticos a votar a favor ou contra determinado projeto.

“Assim agem os grupos profissionais que representam e intermediam os interesses de grandes corporações, partidos políticos e grupos empresariais”, observou Miguel Salaberry Filho, Secretário de Relações Institucionais da UGT, e que atuou como chefe de gabinete do deputado federal Roberto Santiago, atualmente vice-presidente nacional da Central. Salaberry frisa que, ao praticar o lobby, os grupos de interesse expõem as opiniões junto aos grupos a quem cabe decidir sobre os destinos da sociedade.

“LOBBY” E GESTÃO – De origem inglesa, a palavra lobby significa salão, hall ou corredor. Como as articulações ocorrerem em lobbies de hotéis e congressos, surgiu então a expressão, que configura o ato de fazer gestão em determinada causa.

Dentro da missão institucional do DIAP, está a função de instrumentalizar a transformação das reivindicações da classe trabalhadora em normas legais. O objetivo, no entanto, só pode ser alcançado por meio de uma prática constante e profissional, como as entidades sindicais não estão acostumadas.

Renato Ilha, jornalista (MTb 10.300)