Catedrático analisa principais fatos da política brasileira, entre 6 e 12 de junho

Destacando cinco questões na semana entre 6 e 12 de junho de 2020, Benicio Schmidt, que é Pós-Doutor pela Universidade de Paris e Doutor em Ciência Política pela Universidade de Satanford, nos Estados Unidos, Professor Titular aposentado da Universidade de Brasília e Consultor Sênior das Empower Consultoria em Análise Estratégica e Risco Político, apresentou as seguintes considerações:

PASSEATAS DE 07/06/2020 – Sobre as passeatas realizadas no dia 7 de junho (domingo) de caráter anti-fascistas e anti-racistas e as passeatas em defesa do Governo Bolsonaro, o catedrático recorda que, como em 2013, tal movimentação indica o posicionamento da juventude contra a retórica bolsonarista, que é ilustrada por preconceitos fartamente aludidos.

Um fenômeno pouco a ver com o movimento reivindicatória pelas “Diretas Já”, ocorrido entre 1983 e 1984, que não contam com a adesão de parlamentares e dos partidos políticos, e por ser heterônomo, caracterizado por bandeiras genéricas, mas que sinaliza determinadas causas e busca ampliar o apoio de forças políticas em oposição ao governo.

POSTURA DE LULA E DO PT – Ou aspecto em relação a esses manifestos é a reação de Lula e do Partidos dos Trabalhadores (PT), que pedem disciplina e eventual “impeachment” do presidente da república, repetindo uma postura comum a essa força política, que habitualmente opta por ficar sozinha ao invés de bem-acompanhada.

Tal postura remonta períodos anteriores, como a eleição de Tancredo Neves, no Colégio Eleitoral, em janeiro de 1985. Naquele pleito, o PT se absteve na disputa entre Paulo Maluf (então PSD hoje PP) e Tancredo Neves, da Aliança Democrática, que venceu por 480 votos a 180.

RECONSTRUÇÃO DA IMAGEM INTERNACIONAL DO BRASIL -Em outra perspectiva, a tentativa de reconstrução da imagem internacional do Brasil, agora sob a liderança do vice-presidente General Hamilton Mourão, a partir do Plano Amazônia, que estabelece as bases de uma política regionalmente controlada e que pretende cativas os fundos internacionais que sempre foram utilizados para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, mesmo em situação precária.

DADOS SOBRE EFEITOS DO COVID-19 – Schmidt classifica de “Infantil” o desentendimento entre o Ministério da Saúde e demais autoridades do meio sanitário sobre o número de vítimas e hospitalizados pela contaminação do Covid-19, que tem provocado mais descrédito para o País, conforme comprovam reações na Europa e Oceania, além da Organização Mundial da Saúde (OMS), que condenam a tentativa de obscurecer os dados.

ARMAMENTISMO DE BOLSONARO – O catedrático ainda destaca a posição armamentista do Governo Bolsonaro, ilustrada pela presença do presidente da República, em Aguas Lindas de Goiás, quando da inauguração de um hospital de campanha, montado para receber infectados do Covid-19. Na ocasião, Bolsonaro pouco falou da doença, preferindo falar do armamentismo que ele pretende instalar no Brasil, anunciando que pretende zerar as tarifas cobradas sobre a venda de armas no território nacional.

Outras duas medidas adotadas anteriormente se referem ao rastreamento de armas e a liberação de armas de uso exclusivo das Forças Armadas para o cidadão comum, em claro aceno ao armamentismo.