Cientista político analisa semana brasileira entre 13 e 19 de junho

Entre as ocorrências de natureza política que movimentaram a semana, entre 13 e 19 de junho de 2020, o cientista político Benicio Schmidt, destacou cinco assuntos. O catedrático é Pós-Doutor pela Universidade de Paris e Doutor em Ciência Política pela Universidade de Satanford, nos Estados Unidos, Professor Titular aposentado da Universidade de Brasília e Consultor Sênior das Empower Consultoria em Análise Estratégica e Risco Político.

EVENTOS PIROTÉCNICOS CONTRA O STF – A semana normal é substituída por um final de semana, cheio de eventos pirotécnicos, em que o efeito da inversão de papeis se dá e são criadas situações que chamam a atenção ao que há de mais grave.

No caso, os ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), por um grupo paramilitar de Brasília, no final da semana (18/19), que destacou a reação das autoridades, que prenderam os líderes e desmontaram o acampamento diante do Congresso Nacional. De qualquer forma, como nota inquietante, a Polícia Militar do Distrito Federal não atuou a contento a ponto de evitar o que causou a demissão do Sub-Comandante das Forças pelo governador de Brasília, Ibaneis Rocha.

Outro aspecto dessas manifestações está nos disparos de fogos de artifício e tiros de festim em direção ao prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), poderão ser, no futuro, substituídas por armas e é bom que todos estejam conscientes disso.

LUTA INTERNA NO CAMPO BOLSONARISTA – Tal movimentação ilustra a luta pelo protagonismo dentro das forças bolsonaristas. A última eleição mostrou que líderes de eventos corriqueiros, sem qualquer passado político ou profissional foram eleitos massivamente para o Congresso Nacional. São personagens que ganharam projeção ao participar de dos movimentos de 2013. O catedrático indaga que a mesma coisa pode estar acontecendo em Brasília, em relação a esse movimento.

Benício Schmidt classifica de “substantiva” a presença do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito das “Fake News”, com possível ameaça ao mandato da chapa Bolsonaro/Mourão. Para o cientista político, “as condições jurídicas estão dadas”, mas as condições políticas não”. Ele prenuncia um período moderado até o fim do mandato do atual presidente, em 2024.

WEINTRAUB REVOLTADO – Reforçando uma imagem marcada pela atitude anti-republicana, o ministro da Educação, Abraham Weintraub veio a público, sem máscara de proteção, falar mal do STF e insistir na aprovação da Medida Provisória 979 (dos “Reitores Temporários”), publicada pelo presidente Jair Bolsonaro, em 10 de junho, mas foi devolvida pela presidência do Congresso Nacional, em gesto inédito.

A MP dá ao ministro da Educação o poder de nomear reitores durante a pandemia do coronavírus, fato que poderia alterar a direção de 15 universidades e quatro institutos federais, cujos mandatos vencem neste ano. O inconformismo de Weintraub põe em chegue o papel do Senado e a própria Presidência da República.

Pesquisa do consórcio universitário composto por universidades brasileiras e do exterior divulgou resultado de apuração que aponta a queda na simpatia ao golpe ou intervenção militar no Brasil. Pela primeira vez, em uma tendência de três anos, é registrada a mudança de tendência.

O DESCONTENTE MANSUETO – Ao deixar a Secretaria do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, não falou de nada relacionado ao Tesouro. Ele preferiu reclamar da dificuldade de estabelecer políticas coordenadas no combate ao coronavírus. O descontentamento do ex-Secretário com as implicações da falta de coordenação e de planejamento do governo federal, na questão da pandemia, é esse problema afeta as relações fiscais e federativas. A saída de Mansueto representa um desfalque enorme na Equipe do ministro Paulo Guedes, da Economia.

AMERICANOS REPUDIAM COLOROQUINA – A Cloroquina é repudiada como remédio possível de ser usado, até em emergências, pela Food and Drug Administration (FDA), uma agência nacional do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, responsável pela proteção e promoção da saúde pública, por meio da supervisão e controle da segurança alimentar.

Ironicamente, a medida ocorre no momento em que o governo norte-americano doa R$ e milhões e Equipamento de Proteção Individual (EPI) para o combate à Covid-19.

Renato Ilha, jornalista (Fenaj 10.300)