Debate da Band serve de palanque para candidatos, que pouco propõem

SÃO PAULO/SP – O primeiro debate entre os candidatos à Presidência da República, promovido pela Rede Bandeirantes, na noite de 9 de agosto, apontou poucas propostas para enfrentar os grave problemas que afligem a população.

Preocupados com a própria imagem, os entrevistados deixaram de mostrar o que é preciso fazer para superar a crise econômica, desperdiçando um espaço nobre para a apresentação de programas de governo. Em vez de apontar rumos, os candidatos protagonizaram um festival de generalidades e de frases de efeito.

Ouvimos promessas de combate aos privilégios; restauração da atividade econômica, com criação de milhões de empregos; reforma educacional; pelo ajuste fiscal e de enfrentamento ao crime organizado. Houve quem dissesse ser ele o único capaz de mudar o destino do Brasil. Outro invocou a ação divina todo o tempo.

FORA DA REALIDADE

Nenhuma medida objetiva foi apresentada para vencer o desemprego de 13,7 milhões de brasileiros, conforme anunciou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no final de abril. Nada foi dito sobre a mentira do déficit da Previdência Social, tão alardeada pelo governo e a mídia, a mando dos bancos e do setor rentista da economia.

Também foram poupados os maiores devedores do governo federal, dentre os quais estão a Vale (1ª), Petrobras (3ª), Bradesco (8ª), Gerdau (17ª), Fibria (20ª), Eletropaulo (21ª), Braskem (30ª) e Pão de Açúcar (39ª). Se segmentarmos a dívida, o desfile de nomes vistosos continua. Entre as maiores devedoras do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) figuram JBS (2ª), Bradesco (22ª) e Volkswagen (44ª).

Os bancos encabeçam a lista dos devedores da Previdência Social, que é puxada pelo Bradesco (R$ 575 milhões), Santander (R$ 218,4 milhões), Banco do Brasil (209,9 milhões) e Itaú (R$ 118 milhões).

SACO SEM FUNDO

Crítico do descompromisso da política partidária com a realidade social, Miguel Salaberry Filho, Secretário de Relações Institucionais da União Geral dos Trabalhadores (UGT), lamentou que o montante de R$ 1,72 bilhão seja repartido entre os partidos pelo Fundo Partidário, que é uma fonte de financiamento público. Dos recursos do “Fundão”, 2% são divididos de forma igualitária entre as siglas, 35% para as legendas que tem representante na Câmara (Deputados), 48% em relação à representação proporcional na Câmara e 15% dividido pelo número de representantes no Senado. Na eleição presidencial, cada candidato poderá gastar até R$ 70 milhões no primeiro turno e mais R$ 35 milhões em eventual segundo turno.

Salaberry lembra que o Programa Nacional de Alimentação Escolar, que atende a 42 milhões de estudantes da rede pública, de 5.700 municípios, prevê investimento de R$ 4,2 bilhões, em 2018, uma destinação classificada por ele como essencialmente social.

 

Renato Ilha, jornalista (MTb 10.300)
Foto Nelson Almeida/AFP