Desmatamento, queimadas e Centrão em queda, no começo de agosto

Fatos marcantes na vida brasileira, transcorridos entre os dias 1º e 7 de agosto de 2020, são objeto da análise do cientista político Benicio Schmidt. O catedrático é Pós-Doutor pela Universidade de Paris e Doutor em Ciência Política pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos; Professor Titular aposentado da Universidade de Brasília e Consultor Sênior da Empower Consultoria em Análise Estratégica e Risco Político.

CERCO À LAVA JATO DE CURITIBA – Destaque nos dias que correm, a luta de gigantes entre a Procuradoria Geral da República (PGR), O Supremo Tribunal Federal (STF) e a força-tarefa Operação Lava Jato de Curitiba. Tudo leva a crer que os interesses preponderantes indicam que não haverá renovação do mandato de força-tarefa do grupo de Curitiba, fato capaz de provocar decorrências.

DEBAMDADA DO CENTRÃO – A saída do MDB e do DEM do Centrão vai além da implicação com a próxima eleição para Presidência da Câmara. Trata-se de um ajuste inicial, preliminar e estratégico com vistas à eleição presidencial de 2022. A debandada abre um flanco que garante a existência de um candidato que não seja submisso ao Governo Bolsonaro, como hoje ocorre com Rodrigo Maia. A ação dos dois partidos sinaliza para a formação de um bloco de resistência ao presidente da República, mas projeta um quadro de alianças novas e inusitadas para 2022, como fatos essenciais na conjuntura.

REFORMA TRIBUTÁRIA EM PAUTA – Com a retomada das reuniões da comissão mista, a proposta de reforma tributária do ministro Paulo Guedes vai apresentar para o Congresso Nacional os projetos de reforma do imposto de renda e a contribuição sobre dividendos e lucros empresariais. O anteprojeto governamental alude, fundamentalmente, à união dos tributos PIS e Cofins e a criação dessa contribuição, que vai incidir sobre os gastos das classes média e alta, em gastos como educação e saúde privada.
Como disse o consultor jurídico e professor Everardo Maciel, trata-se de uma reforma para punir as classes médias e defender os automóveis de luxo dos mais ricos.

DESMATAMENTO E QUEIMADAS – Finalmente, cabe sublinhar a permanência do perigo dos incêndios na Amazônia, assim como incêndios de grandes proporções na zona do Pantanal. Os fatos demonstram que a Comissão Nacional da Amazônia Legal tem mostrado pouca eficácia no combate à devastação do território ambiental brasileiro.

Renato Ilha, jornalista (Fenaj 10.300)