Dirigente da UGT prega reorganização do sindicalismo

PORTO ALEGRE/RS – A VIª Plenária da União Geral dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul (UGT-RS), realizado nos dias 14 e 15 de setembro, apresentou alternativas para a reorganização do sindicalismo, cuja dinâmica foi duramente pela reforma trabalhista, em vigor desde novembro de 2017.

Como painelista convidado para o evento, Roberto Nolasco, Economista pós-Graduado em Administração, Coordenador de Finanças da UGT e Diretor Técnico do Instituto de Altos Estudos da UGT (IAE), explanou sobre o financiamento sindical e a manutenção do Sistema Confederativo.

Fazendo menção aos 75 anos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), criada em 1943, o dirigente ugetista indagou sobre o que fazer para acordar depois de sete décadas”, período em que os sindicatos estiveram garantidos pela égide do imposto sindical. Nesse espaço de tempo, os sindicatos não pensavam no futuro e adiavamqualquer pensamento de reformulação, desprezandopesquisas que indicavam o afastamento do movimento da base.

RECONSTRUIR A RELAÇÃO

Para Nolasco O movimento sindical está diante do enorme desafio de reconstruir o relacionamento com os trabalhadores para enfrentar os efeitos da reforma trabalhista. “Não Cabe mais buscar o Judiciário, mas sim o trabalhador para resolver as questões”, advertiu o líder ugetista.

Ao citar a recente campanha dos Bancários e a inclusão da cobrança de taxa negocial e percentual sobre a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) na Convenção Coletiva de Trabalho, Roberto Nolasco considerou justa a ação, pelo mérito dos sindicatos, mas lembrou que o artigo 611-B da nova lei trabalhista, condiciona os descontos a partir de autorização expressa dos trabalhadores.

O sindicalista classifica tais medidas como paliativas e defende que os sindicatos devam buscar o apoio do trabalhador como alternativa perene, a exemplo do que ocorre no mundo inteiro. Nolasco explica que há 90 milhões de trabalhadores no Brasil e somente um terço é representado pelos sindicatos. Não podemos ter o apoio da maioria representando a minoria”, admite.

MUDAR A FORMA DE FAZER POLÍTICA

Na visão do dirigente da UGT, o movimento está diante da tarefa de empreender um trabalho grandioso para renovar o sindicalismo. Um dos pontos centrais para o sucesso namudança do quadro está na alteração da postura dos sindicalistas perante a classe política.

Como exemplo, Roberto Nolasco cita o fato de, habitualmente, os sindicatos negociarem diretamente com os chefes de Estado, deixando de articular com as lideranças do Congresso Nacional. Os sindicalistasexercem pressão, mas não fazem lobby junto aos parlamentares, com quem está a solução.

Teremos um novo governo pela frente. A maior parte do parlamento vai permanecer. Será praticamente o mesmo que aprovou a reforma trabalhista. É imperativo aprender a fazer lobby, negociar e fazer política”, concluiu o coordenador financeiro da UGT, que observou: “mesmo elegendo deputados no campo progressista, nunca teremos maioria.

Roberto Nolasco destacou a apresentação de André Luisdos Santos, Analista Político do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), que expos o retrato do Parlamento que está prestes a ser eleito e o desafio organizacional dos sindicatos, que devem se organizar de maneira diferente.

Renato Ilha, jornalista (MTb 10.300)