Em seminário, UGT focaliza os reflexos da Quarta Revolução Industrial no Mundo do Trabalho

SÃO PAULO/SP – As transformações decorrentes da ação da tecnologia no mundo moderno levaram a União Geral dos Trabalhadores (UGT) a promover o seminário “1º de Maio – Quarta Revolução Industrial: os Impactos no Mundo do Trabalho e a Construção de uma Nova Sociabilidade Firmada nos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável”. Quinto evento consecutivo realizado pela Central nos últimos anos, o simpósio ocorreu nos dias 26 e 27 de abril, nas dependências do Braston Hotel, localizado na região central de São Paulo.

Junto a centenas ugetistas dos 26 Estados e do Distrito Federal, lideranças sindicais e políticas convidadas, o evento contou com a presença do Governador de São Paulo, Márcio França, que compôs a mesa de abertura com Canindé Pegado, secretário Geral da UGT; Chiquinho Pereira, Secretário de Organização e Políticas Sindicais da UGT; os presidentes das UGTs estaduais; Ana Cristina Duarte, secretária de Assuntos da Diversidade Humana da UGT; os vice-presidentes da UGT, deputado Davi Zaia, Roberto Santiago e Salim Reis; Regina Pessotti, Secretária da Mulher da UGT; Josi Camargo, Secretária de Formação Sindical da UGT; Rumiko Tanaka, Secretária da Criança e do Adolescente da UGT; Jana Silvemann, do Solidarity Center/AFL-CIO; João Carlos Gonçalves “Juruna”, Secretário-Geral da Força Sindical; ministro Carlos Eduardo Gabas; Vereadora Adriana Ramalho; Pedro Soma, Secretário Adjunto da Secretaria Municipal do Trabalho; Deputado Ramalho da Construção, e Clemente Ganz Lucio, Diretor Técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (DIEESE).

Representando os trabalhadores sul-rio-grandenses, Norton Jubelli, presidente da UGT-RS; Gelson Santana, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de Porto Alegre (STICC) e Coordenador Nacional do Setor da Construção Civil da UGT, além de Miguel Salaberry Filho, presidente do Sindicato dos Empregados em Clubes e Federações Esportivas do Rio Grande do Sul (Secefergs), que é Secretário Nacional de Relações Institucionais da UGT.

“O PODER PERTENCE AO POVO”

O governador paulista frisou a importância pontual da união, em um momento em que, conforme disse, “Retiraram a força acumulada pelo movimento sindical ao longo de muitos anos”, mas ressalvou que “o poder pertence ao povo e, juntos, vamos recolocar as coisas no lugar”. Para França, “Não adianta ter um crescimento que reforce as desigualdades. Respeito muito quem se dedica a questões públicas e a UGT pode contar comigo. A Quarta Revolução pede que qualifiquemos o trabalhador, pois muitas coisas serão robotizadas, mas o serviço depende da criatividade e da força humana”, disse o chefe do executivo do Estado.

Ao destacar a oportunidade para debater caminhos para a superação da reforma trabalhista, apontada por ele como “criminosa”, Ricardo Patah, presidente da UGT, disse que a tecnologia é um tema recorrente na atualidade, por estar expressa em todas as áreas, trazendo benefícios e também causando desemprego. A referência feita pelo sindicalista evoca o fato de a máquina a vapor ter sido o fator diferencial nas relações produtivas, no final do século 17, espaço hoje ocupado por robôs integrados em sistemas ciberfísicos, que produzem transformação radical no sistema de produção. O que os economistas chamam de Quarta Revolução Industrial é a marca da convergência de tecnologias digitais, físicas e biológicas.

Patah destacou a presença de candidatos à Presidência da República no segundo dia do seminário, fazendo menção às eleições gerais de outubro, no Brasil. O presidente da UGT lembrou que “o voto é nossa melhor arma e que é preciso escolher políticos que estejam longe da corrupção e que tenham capacidade de gestão”. Entre os presidenciáveis convidados, Geraldo Alckmin, Ciro Gomes, Aldo Rebelo, Marina Silva e Guilherme Afif Domingos. O ministro do Trabalho, Helton Yomura, também confirmou presença e vai encerrar o evento.

IMPACTOS DA TECNOLOGIA

Palestrante no primeiro dia, a Professora Dora Kaufman, que é Mestre em Comunicação e Semiótica e Doutora em Ciência da Comunicação pela PUC de São Paulo, descreveu os impactos das novas tecnologias no mercado de trabalho. “Dada a velocidade, precisamos estar atentos e entender a dinâmica para, a partir dos sindicatos, traçar estratégias de proteção”, explicou.

O turno vespertino do primeiro dia do seminário foi aberto por apresentação cultural de Oliveira das Panelas, poeta, repentista, escritor e músico. A tarde seguiu com mesa de debates para discutir a Quarta Revolução Industrial e seus impactos na produção e nas relações trabalhistas e na sociedade.

Chiquinho Pereira demonstrou a importância da atividade diante de uma conjuntura adversa para o trabalhador, acusando a reforma trabalhista de “venderam uma coisa e entregar outra, sem gerar nada de bom foi gerado”. No mesmo bloco, palestraram os acadêmicos Marcos Cordeiro Pires, Dora Kaufman e José de Souza Silva, e o presidente do Instituto de Longevidade Mongeral Aragon, Nilton Molina.

Renato Ilha, jornalista (MTb 10.300)