João Felício deixa exemplo de fé na luta dos trabalhadores

O sindicalismo brasileiro e mundial lamenta a morte de João Felício, ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) e da Confederação Sindical Internacional (CSI), ocorrida na madrugada de 19 de março de 2020, em São Paulo.

Militante político desde a década de 1970, quando o Brasil era governado pela ditadura militar, em 1980, eleito para o Conselho de Representantes da Apeoesp, participou do congresso de fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), na condição de delegado.

Em 1983, Felício participou do processo de fundação da CUT e atuou ativamente da participou da Campanha das “Diretas Já” e da greve dos professores durante o Governo Franco Montoro, em 1984, quando a Apeoesp realizou assembleias com mais de 50 mil professores. Em 1987, João Felício era eleito presidente do sindicato, mesmo ano em que a entidade realizou duas greves, uma em cada semestre.

SUPLENTE DO SENADO

Em 1990, quando a Apeoesp lançou a campanha “Educação no Centro das Atenções”, Felício é eleito primeiro suplente do Senador Eduardo Suplicy (PT–SP) e membro do Diretório Estadual do PT. Mesmo reeleito em 1991 o para o terceiro mandato como presidente do sindicato, em 1993 deixa a presidência e retorna à sala de aula, na Escola Estadual de 1º e 2º Graus Doutor Octávio Mendes, no Bairro de Santana, zona norte de São Paulo.

Eleito Secretário Geral Nacional da CUT e membro do Diretório Nacional do PT, em 1997, no ano 2000 assumia a presidência nacional da CUT. Enquanto Secretário Sindical Nacional do PT, em 2003, foi membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, por indicação do Presidente Luís Inácio Lula da Silva.

Atuou, ainda, como representante da central no Conselho de Administração do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

SINDICALISMO NA VEIA

Em 2005, retorna à Presidência da CUT Nacional, após a saída do Luiz Marinho que assumiu o Ministério do Trabalho.

Em 2014, João Felício se tornou o primeiro Sul-Americano a presidir a Confederação Sindical Internacional (CSI). Ao encerrar o mandato, em novembro de 2018, em congresso da Confederação, na cidade de Copenhagen, capital da Dinamarca, declarou: “Eu sempre quis ser sindicalista. Sou sindicalista e continuarei sendo, até o fim dos meus dias. Podem ter certeza de que eu continuarei no movimento sindical, pois é nele que eu me realizo”.

Quando o Brasil sofre os efeitos da pandemia do coronavírus e o sindicalismo cobra que o Estado garanta medidas de proteção ao emprego e também para a atividade produtiva, a voz João Felício fará muita falta. No exemplo íntegro de uma trajetória consistente, Felício indicou o caminho da luta pela construção de um mundo mais justo e igualitário, da solidariedade internacional entre os povos.

Norton Jubelli
Presidente UGT/RS

 

Miguel Salaberry Filho Presidente do SECEFERGS e Secretário de Relações Institucionais da União Geral dos Trabalhadores (UGT)