Movimento social ocupa Centro de Porto Alegre contra o Governo Bolsonaro

Milhares de brasileiros foram às ruas no dia 2 de outubro de 2021 para pedir o impeachment de Bolsonaro, defender a vacinação e combater a política econômica do governo. Na mesma data, no ano que vem, acontecerá a votação para renovar os cargos de presidente da República, governadores de estados, senador e deputados estaduais e federais.

Movimento social, partidos políticos e entidades da sociedade civil mobilizaram milhares de pessoas, que ocuparam o Centro Histórico de Porto Alegre para protestar contra um governo cuja gestão está ligada à morte de 600 mil brasileiros pela pandemia do coronavírus. Pesa contra o Governo Bolsonaro a recusa em comprar doses de vacina no começo da doença, como fizeram a maioria dos países.

Camisetas, faixas e bandeiras pediam a saída do presidente e o fim da Proposta de Emenda Constitucional 32 (PEC-32), de 2020, que coloca fim à estabilidade, aos concursos públicos e busca entregar direitos básicos da população, como a saúde e a educação para empresas, deixando a maior parte do povo sem atendimento.

INVASÃO DO CENTRO HISTÓRICO

Na capital gaúcha, o Largo Glênio Peres foi o ponto de concentração para o início do ato, ao lado da Prefeitura. No decorrer do tempo, o espaço foi sendo tomado por manifestantes com faixas, bandeiras e cartazes, além de personagens pitorescos que trazem outro colorido à manifestação. Ao redor das 16 horas, já eram milhares de pessoas presentes no ato.

Antes da caminhada, as lideranças presentes fizeram pronunciamentos sobre o caminhão de som. Falaram o deputado federal Paulo Pimenta (PT/RS), a deputada federal Fernanda Melchionna (Psol/RS), a deputada estadual Juliana Brizola (PDT) e presidente estadual do PCdoB, Juliano Roso. Também se pronunciaram representantes da UP, PCB, PSTU, PSB, PV, Rede e PCO, bem como da União Nacional dos Estudantes (UNE).

CRÍTICA DA UGT E DAS CENTRAIS

Norton Jubelli, presidente da União Geral dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul (UGT-RS) responsabiliza o governo pela demora em reagir e buscar soluções para a crise, deixando para o Congresso e para os governadores e prefeitos a tarefa de liderar o combate ao vírus. “Foi assim com o auxílio emergencial, com a vacinação e com o incentivo ao uso de máscaras”, disse o ugetista.

Para Jubelli, é inadmissível conviver com mais de 14 milhões de desempregados e 39 milhões de brasileiros atuando na informalidade, sem falar dos desalentados e os que hoje passam fome e precisam de cesta básica para ter o mínimo para sobreviver durante o mês.

Amarildo Cenci, presidente da CUT-RS, acusou Bolsonaro de brincar com a vida do povo brasileiro, não comprar vacina, e não apresentar políticas para a superação do desemprego, o maior de todos os males. O cutista diz ser inadmissível a venda dos serviços públicos com a PEC 32 e os ataques à Constituição e às instituições.

Rodinei Rosseto, presidente do Sindicato dos Municipários de Alvorada (SIMA), denuncia o falso argumento de enxugamento da máquina administrativa durante a pandemia como desculpa utilizada pela prefeitura municipal para adotar a PEC-32, editada por Bolsonaro, que pretende enfraquecer o serviço público e favorecer a iniciativa privada, que aguarda a hora de abocanhar partes das estruturas de governo. Rosseto também cobra atitude dos parlamentos municipais, que devem reivindicar dos prefeitos investimentos de qualidade e valorização do servidor público, ao invés da habitual submissão ao executivo.

 

PROTESTO MASCARADO

Durante a concentração e ao logo do percurso entre o Largo Glênio Peres e o Largo Zumbi dos Palmares os manifestantes mantiveram os cuidados contra a Covid-19 no protesto. Um dos comportamentos mais criticados do presidente Jair Bolsonaro é o desrespeito à máscara de proteção, já que o uso da máscara é uma manifestação em defesa da vida.

A caminhada adentrou pela Avenida Júlio de Castilhos, passou ao lado da Estação Rodoviária, seguiu pelo Túnel da Conceição e entrou na Rua Sarmento Leite em direção ao Largo Zumbi dos Palmares, onde ocorreu o encerramento.

Renato Ilha, jornalista (Fenaj 10.300)