Sem governo; fome, inflação e desemprego.

O governo Bolsonaro pode surpreender todos os dias. Foi assim desde o primeiro dia. Mas nos estertores de seu fim trouxe a sequela maior. Na incapacidade de tocar as reformas básicas no congresso: a tributária em especial que organiza o financiamento orçamentário. Mesmo com a base parlamentar do centrão integrada ao governo deixou que este priorizace um orçamento cativo e na sombra para emendas das bancadas parlamentares . Mais grave, ignorou no estrato de renda C e D , os trabalhadores informais , com sub emprego , que como consequência da reforma trabalhista atinge hoje 40 % da população trabalhadora, o mergulho na condição de fome. De abandono na condição subhumana de sobrevivência.

O pacto com a ideologia da clique neoliberal do setor financeiro invocando austeridade para a geração de superávits primários para alimentar o serviço da dívida nos colocou à mercê da manipulação orçamentária. Os 30 bilhões adiados por 6 meses aprofundaram as condições de acesso à bens de alimentação. A inflação nos preços agravando tudo isso. Inflação produzida pelo banco central  que aproveitou a pandemia para emitir 1,2 trilhões para limpar nos bancos ativos podres ou não recuperáveis.

As microempresas sofrendo em paralelo restrição de 60 % do crédito.

Está inflação recaiu em pleno sobre os trabalhadores que não teem como defender seus rendimentos. Aos mais vulneráveis a queda na condição de pobreza crônica. A uma geração de jovens desempregados a perda total de uma perspectiva de construir uma vida decente.

É já o fim da linha para o governo que nos joga no descontrole de contas e moeda, como fizeram no encerramento do ciclo do regime militar em 84 para a sequência de problemas que ocorreram através de planos seguidos? Desde 2014 só fomos perdendo.  Em especial a dignidade.  A renda per capita desceu de 14mil  dólares para em torno de 6 mil desde 2014. O mix Temer e Jair Bolsonaro está sendo um forte empurrão para traz. A concentração da renda vai fazendo com o empobrecimento, que uma parte impressionante dos brasileiros percam a condição de sobreviver com dignidade. De alimentar seus filhos. De lhes educar.

Como no livrar de um governo que não governa?

 

Sidney De Miguel
Economista, Formado na Universidade do Chile e Doutorado em Paris 1, Pantheon Sorbonne, Ex Deputado federal pelo Partido Verde, Ex Ministro interino de Previdencia Social