TIRADENTES COMBATEU A INJUSTA COBRANÇA DE IMPOSTOS

Desde a primeira metade do século XVIII, ocorreram sucessivos motins na Capitania de Minas Gerais, que envolviam questões como tributação, abastecimento de alimentos e ações das autoridades. Enquanto alguns levantes buscavam apenas a restauração de um equilíbrio de poder, outros afrontaram a imposição da soberania régia.

Durante o reinado de D. José I (1750–1777), eclodiram inconfidências em locais isolados de Minas: Curvelo (1760-1763), Mariana (1769), Sabará (1775) e, novamente, Curvelo (1776), em razão de atritos com autoridades e seus aliados. Diferente da Inconfidência Mineira, esses motins anteriores implicavam manifestações concretas de violência, com a população na rua, arruaças, vivas à liberdade e referência a apoios de outras potências colonizadoras.

Ao sentir o declínio da exploração de ouro e/ou metais preciosos nas Minas Gerais, na segunda metade do século XVIII, a Coroa Portuguesa intensificou o controle fiscal sobre a Colônia proibindo, em 1785, as atividades fabris e artesanais e taxando severamente os produtos vindos dos territórios pertencentes ao Reino de Portugal.

Como todas as terras do Brasil pertenciam ao Reino, mesmo permitindo a qualquer súdito explorar as riquezas, era cobrada uma pequena parcela chamada de “quinto”. O principal problema estava na forma de arrecadação, pela qual ninguém poderia sair da Capitania levando ouro que não tivesse sido quintado, o que provocou enorme descontentamento na população, especialmente os mais pobres, que nunca juntavam ouro suficiente para transformar em barras.

GANÂNCIA POR OURO

Ao ser nomeado Governador da Capitania de Minas Gerais, em 1783, D. Luis da Cunha Meneses fixou uma cota mínima a ser paga por ano: cem arrobas de ouro e impunha a derrama, caso este valor não fosse atingido. A “derrama” era uma contribuição coletiva, rateada entre todos os moradores da capitania, mineradores ou não, para cobrir a cota estabelecida.

Tais fatos atingiram expressivamente a classe mais abastada de Minas Gerais, composta por proprietários rurais, comerciantes, intelectuais, cléricos e militares), que passaram a se reunir para conspirar. A conjuração pretendia eliminar a dominação portuguesa de Minas Gerais, estabelecendo um país independente, sem a intenção de libertar toda a colônia brasileira.

“Tiradentes”, apelido pelo qual era conhecido Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792), foi um dos participantes da Inconfidência Mineira. Entre as muitas profissões, Tiradentes tropeiro, comerciante, minerador e militar. Ele também se dedicou às práticas farmacêuticas e arrancava dentes (daí o seu apelido).

Tiradentes aderiu ao movimento dos inconfidentes quando era alferes (militar). Por ser considerado um excelente comunicador e orador foi responsável por conquistar adeptos para a causa revolucionária.

Tiradentes foi condenado à forca e executado no dia 21 de abril de 1792. Além disso, foi esquartejado na Praça da Lampadosa no Rio de Janeiro e as partes do seu corpo expostas na estrada que conectava o Rio de Janeiro a Minas Gerais.

Seus bens foram confiscados, sua casa queimada e a terra salgada, castigo comum que a Coroa portuguesa destinava aos traidores.

UMA DATA BRASILEIRA, COM CERTEZA

A primeira menção ao nome de Brasília para a futura cidade apareceu em um folheto anônimo publicado em 1822, e desde então sucessivos projetos apareceram propondo a interiorização. A primeira Constituição da República, de 1891, fixou legalmente a região onde deveria ser instalada a futura capital.

Somente em 1956, com a eleição do mineiro Juscelino Kubitshek, que teve início a efetiva construção da cidade, inaugurada ainda incompleta em 21 de abril de 1960, após um apertado cronograma de trabalho. A obra seguiu plano urbanístico de Lucio Costa e contou com a orientação arquitetural de Oscar Niemeyer. Os edifícios mais complexos, como os palácios e a catedral, seguiram os projetos estruturais elaborados pelo engenheiro Joaquim Cardoso.

Renato Ilha, jornalista (Fenaj 10.300)