Plenária da UGT polariza e converge sobre tema do 4º Congresso Nacional, em maio

A 29ª reunião plenária da Executiva Nacional da União Geral dos Trabalhadores (UGT), realizada no dia 15 de fevereiro, nas dependências da sede nacional, polarizou o entendimento sobre o temário do 4º Congresso Nacional da Central, agendado para os dias 30 e 31 de maio, em Praia Grande/SP. Secretário da Juventude da UGT, Gustavo Pádua, 34 anos, bancário e diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Crédito (Contec), falou em nome dos delegados alinhados com a retomada do movimento classista, dificultado pelos desdobramentos da reforma trabalhista, que alterou mais de 100 artigos da Consolidação das Leis do Trabalho.

Encarado como um momento especial para a UGT, a realização do 4º Congresso Nacional da entidade precisa significar, mais que no passado, em direcionamento para a ação sindical. Mesmo sem constar da pauta, os principais assuntos da conjuntura política do país vieram à tona: a reforma trabalhista, que vigora desde novembro de 2017, e as medidas pretendidas pelo novo governo, com destaque para a proposta de reforma previdenciária, que pouco altera o projeto do Governo Temer, que não chegou a ser votado.

Quanto à escolha do local que abrigará o Congresso Nacional da UGT, Gustavo Pádua salientou a opção por Praia Grande, município em que o movimento sindical construiu significativa estrutura hoteleira e que remonta encontros e decisões históricos do sindicalismo brasileiro. Pádua considera oportuna a valorização daquela estrutura e relaciona a escolha com o caráter apropriado para o momento, de reunir, debater e deliberar sobre os rumos do movimento sindical e da UGT doravante.

ENTRE O CÉU E A TERRA

Uma divergência polarizou o debate a partir da apresentação da proposta de temário para o encontro nacional de ugetistas. O tema “4ª Revolução Industrial, o Futuro do Trabalho”, sugerido inicialmente, gerou contraste com a proposta apresentada pela Secretaria da Juventude, que defendeu eixo “Brasil, os Trabalhadores e a Ação Sindical”, voltado para a sobrevivência do movimento e para ação sindical inovadora que terá de ser posta em prática pelas lideranças sindicais. Após ajuste em favor da convergência, o lema aprovado em votação resultou da síntese entre as duas proposições: “4ª Revolução Industrial: o Futuro do Trabalho”.

Gustavo Pádua entende que o Congresso Nacional da UGT deva focar os debates em três eixos: a realidade brasileira atual e a que virá pela frente, o momento político em que nos encontramos e a 4ª Revolução Industrial. O terceiro eixo abordaria a questão da ação sindical, a partir de uma análise do passado, do presente e do futuro das relações trabalhistas e refletindo sobre novas formas de atuação prática.

“Três eixos e três viradas: uma para fora, outra para dentro do movimento sindical e uma terceira para o trabalhador, o principal objetivo do sindicalismo cidadão, ético e inovador da UGT”, adverte o sindicalista. Para ele, a possibilidade de discutir todos os aspectos relacionados ao Trabalho e ao trabalhador estariam contemplados nos eixos propostos.

NORTEAR O MOVIMENTO

Na condição de bancário, Gustavo Pádua relata a alteração radical ocorrida na categoria a partir da utilização acentuada da tecnologia no setor, fato destaca a abordagem dos efeitos que já vem sendo provocados pela 4ª revolução industrial. Porém, a escolha do tema deve admitir que sejam incorporados outros elementos, que ajudem a nortear um movimento que ainda se ressente dos males provocados pela reforma trabalhista.

O tema que relaciona a 4ª Revolução Industrial com o futuro do trabalho é o mote da Conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 2019, que celebra o centenário da instituição, assim como no Fórum Econômico Mundial, de Davos, em 2016, e noutras instâncias internacionais.

No entendimento do Secretário da Juventude ugetista e de dirigentes de outros estados, embora a relevância da discussão, do ponto vista acadêmico, se mostra limitado como tema central de um congresso que deve ser pragmático.

REPERCUSSÃO – O contraponto sustentado pelo sindicalista pernambucano encontrou guarida junto a dirigentes de expressão na direção da Central. A delegação gaúcha apoiou integralmente a proposta de discutir em congresso novos rumos para a ação sindical. Norton Jubelli, presidente da UGT-RS, Miguel Salaberry Filho, presidente do Sindicato dos Empregados em Clubes e Federações Esportivas do Rio Grande do Sul (Secefergs) e Secretário Nacional de Relações Institucionais da Central; Everton de Brito, que preside o Sindicato dos Empregados em Cooperativas de Crédito do Rio Grande do Sul (Secoc-RS) e Secretário Adjunto para Assuntos do Cooperativismo da Central; Carlos Alberto Schmitt de Azevedo, que é presidente da Confederação Nacional das Profissões Liberais (CNTL) e Secretário para Políticas de Habitação da Central, e Marco Antônio dos Santos, presidente do Sindicato dos Condutores  e Ajudantes em Transportes de Cargas Próprias do Rio Grande do Sul (Sincap-RS) e Secretário dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Cargas Próprias da Central, e Sérvio Neves, secretário-geral do Sindicato dos Comerciários de Bento Gonçalves e diretor financeiro da UGT-RS.

Renato da Ilha, jornalista (MTb 10.300)