Carta do Presidente da UGT em resposta a editorial do jornal “O Estado de S. Paulo”

Discussão democrática

 

Respeitamos a opinião deste jornal sobre o movimento sindical brasileiro, publicada na edição de domingo (11/8), sob o título Voracidade e desfaçatez. Discordamos, contudo, de vários aspectos do texto. Mas nós, da União Geral dos Trabalhadores ( UGT), concordamos no essencial: o sindicalismo precisa mudar, com toda a certeza. A possibilidade dessa discussão é uma faceta rica da democracia em que vivemos. O nosso sindicalismo atual foi formatado na era Vargas (1930-1954). Criado no início da industrialização para regular as relações entre capital e trabalho, não foi apenas uma concessão do governo da época, mas também uma luta dos trabalhadores para defender seus direitos.

Reconhecemos, no entanto, que essa estrutura permitiu o desvirtuamento de alguns sindicatos, que nasceram sem representatividade, apenas para se servir do imposto sindical. Isso não pode mais acontecer. Para a UGT, são os trabalhadores que devem decidir como devem ser construídos seus sindicatos e qual o valor da contribuição para a manutenção de suas entidades. Sem que haja – que fique bem claro – a interferência do governo federal ou do Congresso nesse novo processo. E que os sindicatos sejam realmente representativos e democráticos, inclusive com a devida prestação de contas aos órgãos responsáveis. Não há democracia sem sindicalismo. A UGT defende reformas, desde que não tirem direitos dos trabalhadores.

 

RICARDO PATAH, presidente nacional da UGT