Luta das mulheres constrói um mundo melhor

Muito além de uma data simbólica, o dia 8 de março concentra séculos de luta social do movimento feminista, que resultaram em conquistas expressivas e influenciaram mudanças no comportamento e na legislação de forma definitiva.

No começo dos anos 1900, as mulheres lutavam pelo direito ao voto e combatiam as precárias condições de trabalho na Revolução Industrial. Era preciso vencer a exclusão das mulheres da esfera pública e afirmar direitos políticos. Elas não faziam parte do eleitorado, não podiam se candidatar nem ocupar cargos públicos.

Também no âmbito do trabalho era necessário avançar. A licença-maternidade remunerada virou lei em muitos países, junto com a adoção de mecanismos legais que buscam impedir a demissão durante ou logo após a gravidez, tendo sido concedida em caráter pioneiro na Alemanha do fim do século 19.

DESIGUALDADE HISTÓRICA

No dia 25 de março de 1911, cerca de 600 operários de uma fábrica de roupas de Nova York, nos Estados Unidos, trabalhavam, em pleno sábado à tarde, quando irrompeu um incêndio no prédio em que funcionava a Triangle Shirtwaist Company. As mulheres, que eram maioria, trabalhavam até 14 horas por dia e costuravam por modestos salários. A tragédia custou a vida de 146 trabalhadores, dos quais 125 eram mulheres.  Desde então, o fato passou a ser associado à origem do Dia Internacional da Mulher.

Tais ocorrências explicam porque o movimento feminista atua para superar a histórica desigualdade de gênero, que se reflete na falta de representatividade política das mulheres e se mantém ainda hoje, na desigualdade salarial em relação a homens que realizam o mesmo trabalho, nas estatísticas de violência contra a mulher, nos padrões de beleza, na forma de educar meninas e meninos e em uma série de outros aspectos.

O Brasil é o único país do Mercosul a não ratificar a Convenção 156 da Organização Internacional do Trabalho, que trata da igualdade de oportunidades entre homens e mulheres no âmbito do trabalho e quanto às responsabilidades familiares.

TRATAMENTO DESIGUAL

Embora as conquistas dos últimos séculos, mulheres ainda vivenciam uma série de desigualdades de gênero: ainda sofrem violência, são sobrecarregadas de trabalho e ganham um salário menor.

São assassinadas por companheiros e ex-companheiros, realizam a maior parte do serviço doméstico, mesmo quando trabalham fora, são minoria em cargos de liderança e ganham menos do que os homens realizando a mesma ocupação, apesar de possuir média de escolaridade mais alta. Convivem com o assédio sexual desde a adolescência, na rua, no transporte público, no trabalho.

A luta feminista ajudou a sociedade a compreender o real significado da palavra igualdade, pois toda vez que as mulheres combatem a desigualdade, elas estão defendendo a justiça social.

Viva o Dia Internacional da Mulher!

Norton Jubelli é presidente da União Geral dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul (UGT-RS)