Reflexão sobre o movimento sindical e os prejuízos das reformas

Dirigentes sindicais e representantes dos vários setores filiados estiveram reunidos na sede da União Geral dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul (UGT-RS), em Porto Alegre, para uma Reunião Extraordinária na última quinta-feira (20). Na pauta do encontro estiveram os recentes desdobramentos que envolvem a atuação do movimento sindical com a aprovação e sanção da Reforma Trabalhista. O tom foi de reflexão e ao mesmo tempo de apontamentos sobre os caminhos e posturas que o sindicalismo brasileiro terá de assumir a partir de agora. A preocupação com os prejuízos que as mudanças da Lei 13.467, de 13 de julho de 2017, trará aos trabalhadores foi tema central do debate. Para Sérgio Marino Ribeiro Neves, Diretor de Finanças da UGT-RS e Secretário Geral do Sindicato dos Empregados no Comércio de Bento Gonçalves (SEC-BG), os malefícios da nova lei trabalhista são devastadores. “O problema é que muitos dirigentes sindicais ainda não perceberam os reais efeitos maléficos da nova lei, basta comparar este novo texto com a antiga redação da CLT para entender o que passaremos a viver a partir de 13 de novembro, quando passam a vigorar os novos artigos da Consolidação das Leis de Trabalho”, destacou. Everton Rodrigo de Brito, Vice Presidente da UGT-RS e Presidente do Sindicato dos Empregados de Cooperativas de Crédito do RS (SECOC/RS), disse que a nova lei precariza as relações de trabalho e traz ainda mais desafios para os sindicatos na defesa das categorias profissionais. “A partir de novembro o Brasil passará a viver uma lei trabalhista que outros países aqui da América Latina já praticam e que não trouxe melhoras de vida para o trabalhador, pelo contrário, só há a precarização do trabalho e o desmonte sindical”, enfatizou. O Secretário de Relações Internacionais da UGT-RS e Tesoureiro do Sindicato dos Trabalhadores em Imobiliárias do RS (SEMIRGS-RS), Cícero Silva, alerta para a necessidade do fortalecimento das entidades a partir de ações nas bases. “Não podemos procurar culpados no meio sindical, como também não podemos jogar a culpa dos fatos atuais neste ou aquele partido político, ou nas costas desta ou aquela Central Sindical. Há sim, a necessidade de trabalharmos pelo fortalecimento das entidades a partir das ações de base. É lá, com o trabalho sério dos nossos dirigentes que vamos fazer o sindicalismo crescer”, acrescentou. Gelson Santana, Coordenador do Secretariado Nacional da Construção Civil da UGT e Presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de Porto Alegre (STICC), disse que é preciso admitir os erros e se reinventar com um novo sindicalismo. “Não podemos entrar no jogo do capital e jogar a culpa um no outro, sendo que o outro, é o nosso parceiro sindical. Também não podemos ser responsabilizados sozinhos. Importante registrar que fortes empresas dos meios de comunicação defenderam a reforma trabalhista que irá massacrar a classe operária, e também defendem a reforma da previdência. Precisamos discutir de forma séria esta pauta nacional e construir propostas concretas para a continuidade da vida institucional das entidades sindicais”, ponderou. Para o Presidente em Exercício da UGT-RS e Diretor Financeiro do Sindicato dos Empregados em Empresas de Transporte de Valores, Transporte de Documentos e Escolta Armada do RS (Sindivalores), Norton Jubeli, apesar da reforma trabalhista não se tratar de matéria nova para o movimento sindical, não houve por parte do governo uma discussão ampla com as bases. “Não podemos nos dizer surpreendidos com a tal Reforma. O fato é que neste momento precisamos alertar os companheiros e a sociedade em geral sobre os inúmeros retrocessos nas relações de trabalho e os prejuízos ao trabalhador. A reinvenção de que tanto falamos passa pelo compromisso de cada dirigente e seu sindicato de base, onde ocorrerão as primeiras mudanças, com reflexos em nível estadual e nacional. É necessário que façamos proposições à direção nacional da UGT sobre estas questões”, concluiu. Outros dirigentes também se manifestaram durante a reunião, fortalecendo a pluralidade de pensamentos que sempre norteou o fazer sindical da UGT-RS. Entre as proposições, destacou-se a realização de um seminário para tratar das consequências da nova lei sobre a classe trabalhadora no Brasil. A proposta será apresentada na próxima semana para a UGT Nacional, quando o Presidente Norton participará de Reunião do Órgão Colegiado e levará as demais proposições do Rio Grande do Sul.